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Indústria de celulose e papel registra contínuas reduções de consumo de água
A Bignardi desponta como mais um player que trata o tema com muita seriedade, dada a importância da água no processo produtivo do papel e à questão da escassez na região onde a planta está instalada, em Jundiaí (SP). Há 15 anos, a empresa vem estudando mais intensamente o uso da água em seu processo, além de atentar para a geração e o tratamento de efluentes.
José Reinaldo Marquezini, gerente técnico da Bignardi, conta que a empresa iniciou em 2003 uma série de investimentos no processo de fabricação de papel com a intenção de reduzir o consumo e otimizar os sistemas de tratamento de água e efluentes. A intenção era melhorar seus desempenhos e fazer reúso da água do efluente no processo de produção. “Os investimentos foram destinados a equipamentos mais modernos para tratamento da água de processo na Máquina de Papel no 1, incluindo a aquisição de um novo flotador DAF e filtros de areia contínuos, que permitiram a substituição da água fresca pela de processo, após tratamento, em vários chuveiros da máquina.”
Em 2008, mais investimentos foram feitos, dessa vez destinados à reforma da Máquina de Papel no 2. Além do aumento da capacidade produtiva e da qualidade do produto, contemplaram maior eficiência no uso da água, com equipamentos mais modernos para tratamento da água de processo, permitindo sua reutilização em vários pontos, de modo a possibilitar a substituição da água fresca. “Também foram adotados circuitos fechados de água para os sistemas de refrigeração e de água de selagem do sistema de vácuo”, recorda Marquezini. Já em 2009, revela ele, a Bignardi investiu na substituição de sistemas de selagem de bombas centrífugas e outros equipamentos de processo, como refinadores que utilizavam água para lubrificação e refrigeração, por sistemas a seco – gaxetas injetáveis, por exemplo.
Após a conclusão dos primeiros investimentos na ETE, em 2010, a empresa começou a fazer o reúso da água do efluente no processo produtivo em baixas pro- porções e em caráter exploratório. “Mesmo com todos os estudos preliminares e o apoio de fornecedores de produtos químicos auxiliares, ainda tínhamos muitas incertezas, devido à questão da singularidade do processo de fabricação de papel de cada fábrica, com seus próprios conjuntos de matérias-primas, tipos e dosagens de produtos químicos auxiliares, características dos equipamentos de preparação de massa, depuração e configuração de máquina de papel. É natural não encontrar uma solução pronta”, declara ele sobre o percurso até chegar às melhorias.
Como resultado desse conjunto de investimentos, o consumo (captação) específico de água fresca por tonelada de papel produzida caiu de 76,8 m3 em 1988 para 16,68 m3 em 2010. Segundo dados da antiga Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) e atual Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em seu Relatório de Sustentabilidade de 2010, o consumo médio do setor era de 25 m3/t. “A interferência da qualidade da água industrial no desempenho do pro- cesso produtivo e também as perdas de processo e a qualidade do efluente passaram a ser as variáveis que demandaram maior atenção e gerenciamento diário”, diz o gerente técnico sobre a nova rotina operacional a partir dos incrementos.
Na visão de Marquezini, as empresas fornecedoras de produtos químicos auxiliares e de equipamentos são grandes parceiras nesse contínuo desafio em busca de melhorias e otimizações de processo. “Além de fornecerem tecnologias por meio de seus produtos, essas empresas contam com especialistas capazes de contribuir decisivamente para o sucesso do trabalho. Eles podem colaborar com consultorias técnicas, apoio na execução e interpretação de análises de água e problemas de processo, bem como na definição de soluções. O desenvolvimento do trabalho é feito em conjunto, com comprometimento da própria empresa de papel e de seus fornecedores”, destaca, revelando que, na lista de fornecedores parceiros da Bignardi, estão Buckman, Contech, Kemira, Kurita, Meri/Voith e CBTI.
Embora a Bignardi já tenha atingido o limite no fechamento de circuito de água de processo e no reúso de água do efluente, o gerente técnico revela que há possibilidade de reduzir ainda mais a necessidade de água fresca, desde que seja solucionado o desafio da concentração de substâncias na água de processo. “Nosso foco de estudo atual é justamente identificar e especificar as tecnologias mais adequadas para a realização desse trabalho. Já estamos estudando sistemas de tratamento complementar para nosso efluente, com o intuito de reduzir tanto os níveis de carga orgânica quanto o residual de sólidos suspensos e fazer a dessalinização”, diz ele, listando os próximos passos.
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